segunda-feira, 27 de julho de 2015

PODE A ESCOLA ENSINAR COMPORTAMENTOS ÉTICOS?

                  



Os meios de comunicação social invadem-nos a toda a hora sobre comportamentos considerados menos claros quer de políticos, quer de altos funcionários administrativos, quer de banqueiros, quer de empresários... Por sua vez, muitas famílias, devido à sua desestruturação, não se encontram em condições para serem padrões de conduta compatíveis com modelos éticos para os seus filhos. É certo que o Estado garante condições para o ensino da religião e moral nos estabelecimentos de ensino público não superior. E essa garantia, podendo contribuir para dar aos alunos certos valores nesse domínio, só é acolhida por alguns. Há, ainda, fora da escola, a possibilidade de as crianças e os jovens frequentarem actividades em organizações que lhes possibilitam a aquisição de valores éticos (por exemplo, o movimento escutista).
De qualquer modo, no tempo em que vivemos, a escola é um dos redutos onde esses valores podem ser ensinados com proficiência. Ora, ela tem sempre a possibilidade de ensinar comportamentos éticos, quer através das decisões tomadas pelas direcções das escolas, quer dos comportamentos e atitudes dos professores dentro e fora da sala de aula, quer através dos conteúdos curriculares da maioria das disciplinas. O que interessava é que houvesse uma política de escola que considerasse os valores éticos como fazendo parte do currículo oculto, o qual, porém, poderia expressar-se nos modos e estratégias utilizadas nas várias disciplinas.
A maior parte das escolas tem normas de conduta que regulam as relações entre os seus intervenientes. Mas, mais do que isso, interessaria que os alunos internalizassem dois ou três princípios, nas suas relações com os outros, dentro e fora da escola. Um deles seria o de não fazer aos outros o que não desejariam que lhes fizessem. Outro, seria o de acreditarem que é melhor para a sociedade e para eles próprios obedecerem às regras e às leis estabelecidas do que não obedecer. Outro, talvez já não acessível à maioria, seria o de agirem de acordo com os valores que assimilaram, não importando as opiniões dos outros. É a coerência dos princípios que se defendem com as atitudes que se tomam. Um bom princípio para todos nós!


                                                 Mário Freire