sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A SABEDORIA DO EPICURISMO - 3


Sob o tema da felicidade, vimos no primeiro texto sobre Epicuro, filósofo da Grécia Antiga, que devemos encontrar um equilíbrio entre o que temos e o que nos é possível alcançar; no segundo texto daquele filósofo foi referida a importância dos amigos; neste terceiro texto sobre os ensinamentos de Epicuro falaremos da aprendizagem como um dos grandes prazeres da vida.
Aprender contribui para a nossa felicidade não só porque a aprendizagem é uma tarefa colectiva de permanente debate de ideias com os outros, mas porque a descoberta, o conhecimento e a compreensão dos fenómenos do mundo nos permitem tomar consciência do que há de maravilhoso e único na existência humana.
No entanto, a maior ameaça que paira sobre a felicidade do ser humano – mesmo daqueles que são ricos ou poderosos – é o medo da morte e o medo do sofrimento para além da morte. Sobre esta questão, Epicuro defende uma posição materialista de grande sensatez. Se é certo que devemos evitar qualquer tipo de dor, a morte em si mesma é algo que não sentimos porque deixamos de sentir no preciso momento em que ela acontece. Dito de outro modo, enquanto cá estamos a morte não existe, quando a morte existe já cá não estamos.
Da mesma maneira, não nos devemos inquietar com o que acontece depois da nossa morte, uma vez que os humanos e os deuses coabitam em mundos distintos. Depois de morrer não temos que recear a ameaça dos deuses ou do que quer que seja, pois pura e simplesmente não existindo já nada existe. Assim como nada existia para nós antes de nascermos, nada existe depois de morrermos. Por isso, a conclusão que se impõe é aproveitar a vida o melhor que pudermos, tirando partido de todos os pequenos prazeres que ela diariamente nos propicia.

                                                Rossana Appolloni