segunda-feira, 30 de maio de 2011

A DISCIPLINA NA ESCOLA - 2


                              
                                  A DISCIPLINA NA ESCOLA - 2

                                               A Família

Referia em texto anterior que “a indisciplina dentro da sala de aula é um sintoma de doença grave de que o sistema de ensino, muito especialmente o do básico, enferma”. Ora, esta doença manifesta-se em múltiplos lugares mas onde ela pode assumir uma virulência contagiosa é na família. É aqui que a criança ou o adolescente, contactando com os modelos que tem diante de si, os pais, tenta imitá-los, para o melhor e para o pior.
Factores há, como o alcoolismo e a toxicodependência, que são altamente desorganizadores do ambiente familiar. Mas, sem entrar nesses mais agressivos, outros menos violentos não deixam de causar efeitos nocivos no comportamento, dentro e fora da escola.
Se pai ou mãe se ofendem um ao outro e aos filhos e aplicam em situações semelhantes normas diferentes; se não sabem distinguir o essencial do acessório, recriminando asperamente por algo sem importância mas mantendo-se calados perante desobediência grave; se não conseguem organizar os espaços dentro da casa, mantendo-os desarrumados ao longo do dia; se estão sistematicamente do lado oposto ao dos professores, criticando-os ou, então, mostrando-se alheios ao que se passa dentro da escola ou, até mesmo, fora dela; se não sabem dizer não aos filhos, preferindo mais ignorar as situações censuráveis que assumir uma posição firme mas serena, esclarecedora, sem violência, então não nos admiremos que os filhos tragam para a escola aquilo que vêem e fazem dentro de casa.
É certo que há factores disfuncionais na família que são atribuíveis a causas exteriores à própria instituição familiar. No entanto, a família, com todas as modalidades que ela hoje reveste, continua, ainda, a ser o principal elemento que condiciona o comportamento escolar.
As crianças e os adolescentes trazem atrás de si experiências de vida que serão cruciais para as suas capacidades de aprendizagem e desenvolvimento social.
Se essas experiências foram traumáticas, seja de abandono, físico ou psicológico, de negligência, de maus-tratos ou outras, a escola não poderia, até, constituir-se como um elemento fortemente compensador dessas desvantagens e ser um potenciador de integração social?

                                                             Mário Silva Freire