quinta-feira, 3 de março de 2016

ÁGUA CRISTALINA NOS HIMALAIAS. ÁGUA MORTAL NO BANGLA DESH





            No mês passado, tive a oportunidade de participar nas actividades dum projecto comunitário Erasmus Mundus, coordenado pela Universidade de Évora que, entre outros, tem como objectivo trazer à Europa investigadores de universidades asiáticas. 
            Houve um dia livre dedicado a mostrar o Alentejo aos participantes vindos de países tão distantes como a Índia, o Nepal, o Paquistão, o reino do Butão e o Bangla Desh. Os Himalaias foram tema de conversa; falou-se não só de alpinismo, mas também do facto de as neves eternas dos Himalaias, constituírem a maior reserva de água doce do mundo logo a seguir ao Ártico e à Antártida; alimentam os principais rios da Ásia nomeadamente o Ganges, o Mekong e o Yangtsé. Com excepção do Ganges, todos eles nascem no planalto tibetano, sob controlo chinês. Em conjunto, aqueles rios contribuem para a alimentação de água doce de dois mil milhões de pessoas.
            Tal como no Ártico e na Antártida, aquele reservatório de água gelada sofre os efeitos das alterações climáticas. Pensa-se que nos últimos cinquenta anos, quase todos os glaciares do planalto tibetano perderam em superfície e que, dois terços dos glaciares do planalto tibetano, poderão desaparecer até 2050.
            Mas as alterações climáticas, não são a única ameaça: no Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, o sub-solo contém quantidades apreciáveis de arsénico, veneno violento bem conhecido de filmes de espionagem. Custa a crer, mas nos anos 70 o governo com financiamento da Unicef, levou a cabo a abertura de poços em larga escala para, desse modo, evitar o consumo de água superficial de rios e ribeiras fortemente poluída. O que parecia um milagre, tornou-se um desastre: os lençóis freáticos de todo o país estão contaminados com arsénico. O governo procura soluções alternativas em colaboração com os países vizinhos, mas a rivalidade regional indo-chinesa, tem deitado por terra a resolução da questão de abastecimento de água potável no país. Em consequência, morrem por ano milhões de pessoas, muitas das quais crianças.

                                                 FNeves