No mês passado, tive a oportunidade
de participar nas actividades dum projecto comunitário Erasmus Mundus,
coordenado pela Universidade de Évora que, entre outros, tem como objectivo
trazer à Europa investigadores de universidades asiáticas.
Houve um dia livre dedicado a
mostrar o Alentejo aos participantes vindos de países tão distantes como a
Índia, o Nepal, o Paquistão, o reino do Butão e o Bangla Desh. Os Himalaias
foram tema de conversa; falou-se não só de alpinismo, mas também do facto de as
neves eternas dos Himalaias, constituírem a maior reserva de água doce do mundo
logo a seguir ao Ártico e à Antártida; alimentam os principais rios da Ásia
nomeadamente o Ganges, o Mekong e o Yangtsé. Com excepção do Ganges, todos eles
nascem no planalto tibetano, sob controlo chinês. Em conjunto, aqueles rios
contribuem para a alimentação de água doce de dois mil milhões de pessoas.
Tal como no Ártico e na Antártida,
aquele reservatório de água gelada sofre os efeitos das alterações climáticas.
Pensa-se que nos últimos cinquenta anos, quase todos os glaciares do planalto
tibetano perderam em superfície e que, dois terços dos glaciares do planalto
tibetano, poderão desaparecer até 2050.
Mas as alterações climáticas, não
são a única ameaça: no Bangladesh, um dos países mais pobres do mundo, o
sub-solo contém quantidades apreciáveis de arsénico, veneno violento bem conhecido
de filmes de espionagem. Custa a crer, mas nos anos 70 o governo com
financiamento da Unicef, levou a cabo a abertura de poços em larga escala para,
desse modo, evitar o consumo de água superficial de rios e ribeiras fortemente
poluída. O que parecia um milagre, tornou-se um desastre: os lençóis freáticos
de todo o país estão contaminados com arsénico. O governo procura soluções
alternativas em colaboração com os países vizinhos, mas a rivalidade regional
indo-chinesa, tem deitado por terra a resolução da questão de abastecimento de
água potável no país. Em consequência, morrem por ano milhões de pessoas,
muitas das quais crianças.
FNeves