Muitos dos problemas
escolares (de aprendizagem, disciplinares e outros) têm origem, mais ou menos
próxima na família. Costuma dizer-se, nos dias que correm, que os pais têm
pouca disponibilidade para acompanhar os filhos, seja nos assuntos de natureza
escolar, seja nos outros. E, para isso, encontram-se várias justificações:
falta de tempo, preocupações de natureza financeira, funcionamento familiar perturbado...
Acontece que o
acompanhamento escolar da parte dos pais não implica, necessariamente, que eles
saibam as matérias que os filhos andam a estudar. Diria, até, que são as
tarefas que não exigem esse conhecimento as que maior importância têm. Assim, o
que impede os pais de solicitarem dos filhos que digam o que de significativo
se passou dentro e fora da sala de aula? Fazer perguntas sobre colegas e
professores e sobre aquilo que andam a estudar nas diferentes disciplinas é um
modo de os pais acompanharem a vida escolar dos filhos. Questioná-los sobre os
amigos que têm é tentar compreendê-los, para melhor os ajudar. O que se torna
necessário é haver uma autoridade na família suficientemente madura que permita
ouvir as respostas, mesmo as mais surpreendentes ou inadequadas, sem que as
emoções saltem de imediato, inibindo, assim, à partida, qualquer abertura ao
diálogo com os filhos.
Claro que, muitas
vezes, os filhos, para justificarem os seus reveses escolares, culpam a escola
e os professores. A atitude dos pais, neste aspecto, deve ser muito firme: não
culpabilizar a escola nem os professores. Se os filhos vêem os pais do seu lado
neste aspecto, significa que eles estão a desvalorizar o papel da escola e esta
desvalorização acarretará uma atitude de desinteresse e até de aversão por ela,
com consequências na disciplina e no aproveitamento escolares dos filhos. Se há
algo que necessita de ser esclarecido, há sempre um director de turma, uma
direcção da escola e, até, um professor disponíveis para esclarecer o que for
devido.
Enfim, as conversas
despreocupadas mas com objectivos claros no dia-a-dia de uma família
minimamente funcional podem proporcionar maior tranquilidade à família e
contribuir para formar cidadãos mais responsáveis.
Mário Freire