quarta-feira, 10 de junho de 2015

HÁ VULCÕES EM PORTUGAL?

                                           



            A exploração de pedreiras tem originado grandes extensões de áreas degradadas, especialmente desde o início do século XX.
            A escassez de controlo e fiscalização têm conduzido a alterações ambientais com impacte visual bem evidente. São numerosas e inconfundíveis as “crateras” não vulcânicas resultantes de pedreiras abandonadas desde há décadas, mesmo em áreas protegidas.
            A actual legislação obriga os proprietários à regularização dos solos e do coberto vegetal após a exploração. Todavia, existem casos em que as empresas concessionárias não podem ser responsabilizadas pelas consequências ambientais decorrentes daquela actividade, ou porque as respectivas concessões já reverteram para o Estado ou porque essas empresas entretanto faliram.
            Recentemente, veio a público a proposta das entidades responsáveis pelo Ambiente de permitir o eventual depósito de resíduos industriais nas crateras de pedreiras abandonadas desde há décadas, nomeadamente na Zona dos Mármores, no Alentejo. Poderá desse modo facilitar-se o cumprimento da legislação que obriga os proprietários à sua recuperação pós-exploração, através da regularização do coberto vegetal e dos solos. Haverá todavia que fiscalizar com rigor os resíduos depositados, tendo em vista a preservação da qualidade dos solos e dos aquíferos que os atravessam.
            O impacte visual, paisagístico e ambiental das pedreiras é, habitualmente, grande: trata-se de crateras que rompem a paisagem natural. No entanto, e paradoxalmente, o efeito destruidor no território, é compensado pela possibilidade de utilização agrícola ou florestal, promoção turística e cultural, entre outros, destes novos espaços e posterior devolução à população.
            Estão a ser levados a cabo, um pouco por todo o mundo, projectos de recuperação de pedreiras abandonadas. Os responsáveis por esta intervenção são arquitectos, engenheiros e arquitectos paisagistas, muitas vezes com participação pública e privada, numa união entre economia, ecologia e paisagem. Em Portugal, é de realçar o projecto do arquitecto Souto Moura que transformou uma pedreira abandonada bem perto do centro da cidade de Braga, num estádio de futebol, por todos conhecido. E por que não lembrar que a Praça do Marquês de Pombal em Lisboa, resultou da recuperação de uma área degradada pela exploração de pedreiras.


                                    FNeves