Figura notável nas questões do
ordenamento do território e do uso da terra em Portugal, Gonçalo Ribeiro Telles
licenciou-se em Engenharia Agrónoma e terminou o Curso Livre de Arquitectura
Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia. Iniciou a sua vida profissional,
como assistente deste Instituto. Mais tarde, seria professor catedrático
convidado da Universidade de Évora, criando as licenciaturas em Arquitectura
Paisagista e em Engenharia Biofísica, onde tive o grato prazer de ser seu
discípulo.
Após o 25 de Abril fundou o partido
Popular Monárquico. Foi Subsecretário de Estado do Ambiente em diversos
Governos Provisórios e Secretário de Estado da mesma pasta, no I Governo
Constitucional. Dos seus projectos, é de assinalar o dos jardins da Fundação
Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto e com o qual
recebeu, ex-aequo, o Prémio Valmor de 1975.
Em
Abril de 2013 foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, a mais importante
distinção internacional no âmbito da Arquitectura Paisagista.
Na noite de 25 de Novembro de 1967, as
fortes chuvadas que se sentiram causaram a morte de centenas de pessoas. Em
contraponto às causas divinas, o arquitecto, questionando o modelo de desenvolvimento
do país, apontou a falta de ordenamento do território como a principal razão
para a fatalidade. Pretendendo criar medidas de remediação e também com o
intuito de salvaguardar a estrutura biofísica nacional, Gonçalo Ribeiro Telles
foi, em 1982 e 1983, o grande impulsionador da criação da Reserva Agrícola
Nacional e da Reserva Ecológica Nacional e ainda do Serviço Nacional de
Parques. Não esquecer que, em Portugal pode aparecer uma moradia de luxo feita
misteriosamente numa zona de paisagem protegida, um Parque Natural por exemplo,
sem que ninguém a tenha autorizado e sem que ninguém seja responsável pela sua
execução. Basta lembrar o que se passou recentemente na serra da Arrábida, com
a construção da casa dum conhecido político.
A
premência de questões de natureza social como a habitação, o abastecimento de
água ou o saneamento básico devem continuar a merecer as atenções dos nossos
governantes mas, desejavelmente, em moldes que promovam a preservação do ambiente.
FNeves