A actividade extractiva tem sido, desde
sempre, fundamental para a sobrevivência do ser humano. As pedreiras neolíticas
forneciam, de certa forma, as pedras necessárias para fabricar os instrumentos
e as armas de então. As pedreiras de Estremoz, Borba e Vila Viçosa continuam a
fornecer, desde a época em que a Península Ibérica fazia parte do Império
Romano, o mármore, rocha ornamental com grande importância regional. Essa
importância tem vindo a aumentar com a diversidade de aplicações das rochas
ornamentais; não justifica porém um comportamento irresponsável e não
sustentado dos industriais do sector e das populações, tendo em vista os
pesados custos ambientais que daí podem resultar.
Um
olhar mais atento à actividade da extracção mineira, revela um paradoxo
importante. Os materiais só excepcionalmente aparecem em locais “apropriados”
ou seja, em locais em que os impactes negativos sejam praticamente inexistentes.
No entanto, precisam mesmo assim ser explorados, já que são vitais na
civilização actual. Esta realidade opõe-se à atitude típica de "no meu
quintal não …" invariavelmente tomada pelos grupos de pressão dos
residentes no local que não desejam viver com pó, ruído, trânsito de viaturas
pesadas, escombreiras, crateras de grandes dimensões e outros impactes
resultantes da actividade.
Seria tão ingénuo afirmar que a
abertura de uma pedreira contribui para a preservação do ambiente, como seria
dizer o contrário. Obviamente há ecossistemas que são insubstituíveis e que não
deveriam ser tocados. Outros porém poderão, após a desactivação da pedreira,
ser recriados ou substituídos por outros semelhantes ou mesmo melhores sob o
ponto de vista socioeconómico. Encontrar o equilíbrio certo é uma tarefa
extremamente difícil, principalmente devido à grande carga de subjectividade,
presente em qualquer decisão a tomar nesse contexto.
FNeves