A Exposição Universal
de Paris de 1900 teve por meta celebrar as conquistas do século XIX e
incentivar o desenvolvimento do século que começava a despontar. As grandes
indústrias francesas da metalurgia, do têxtil e da madeira lá estavam
representadas assim como vários produtos originários de diferentes países
(Rússia, Japão, Itália…). A exposição fazia, ainda, propaganda à acção que
países como a França, a Inglaterra e a Holanda tinham nas suas colónias.
Ora, numa série de
postais produzida para esta Exposição, aparecia um em que se figurava aquilo
que iria ser a escola no ano 2000: um professor, à secretária, a colocar livros
numa máquina. Os alunos, com capacetes, estavam ligados por fios eléctricos à
máquina a qual ia transferindo para eles a informação proveniente dos livros. A
postura dos alunos era a da imobilidade, meramente receptiva, olhando para a
frente, alinhados em filas, de costas voltadas para os que se encontravam atrás.
O que é que o
ilustrador acrescentou ao tipo de ensino que era ministrado nos finais do século
XIX, em relação àquele que ele esperaria que viesse a ser praticado no início
do século XXI? Simplesmente, a máquina eléctrica que estava ligada aos alunos.
Será que o processo de
ensino, neste intervalo de mais de um século, se modificou na sua essência?
Além de ter acrescentado, ao que então existia, mais máquinas (não a ficcionada
no tal postal), como projectores, computadores, quadros interactivos, deixou de
haver alunos, na sala de aula, alinhados em filas e de costas voltadas para os
que estão atrás? O aluno, na sala de aula passou a ser aquele sujeito activo,
que interage com os colegas no processo de aprendizagem, que toma iniciativas,
que levanta problemas ou, simplesmente, continua a ouvir o que o professor diz
e se limita a responder àquilo que lhe é perguntado? Os problemas da vida e do
quotidiano começaram a impregnar os programas, fazendo daqueles os motivadores
do estudo e da aprendizagem?
O postal da Exposição
de 1900 que ilustra a máquina a transferir informação para o cérebro dos alunos
parece, ainda, descrever muita da realidade que tem lugar nas nossas escolas!
Mário
Freire