sábado, 11 de abril de 2015

COZINHAR, EDUCAR, INTEGRAR

                                  


Jamie Oliver é um chefe de cozinha inglês de nomeada mas é, também, uma personalidade televisiva do Reino Unido. Ele tem-se empenhado na cruzada de levar as pessoas a utilizar alimentos naturais e, mais recentemente, em mudar os hábitos alimentares nas escolas britânicas e, também, nas escolas americanas. Um dos seus grandes objectivos é alterar o sistema dietético escolar baseado em alimentos industrializados e fast-food e substituí-lo por refeições com alimentos variados, naturais e ricos em verduras e fibras.
Mas ele persegue, ainda, um outro grande objectivo: o fazer da cozinha um factor de integração social. Assim, ele criou o restaurante Fifteen destinado a dar formação a jovens com desvantagens sociais, proporcionando-lhes oportunidades de fazerem carreira no domínio da gastronomia.
Mas, tal como a música, aqui já referida, que foi utilizada na integração de crianças e adolescentes desfavorecidos, também ele, nas escolas, organizou equipas com esses adolescentes marcados socialmente. Assim, numa escola secundária de Huntington, na Virgínia, Estados Unidos, foi procurar adolescentes, na maioria com problemas comportamentais, e levou-os para a cozinha. O objectivo era dar um jantar às personalidades com maior destaque, incluindo um senador, que poderiam ajudá-lo, financeiramente, no projecto. O jantar seria confeccionado pelos próprios adolescentes. O desafio era grande e os jovens responderam com uma grande motivação e sentido de responsabilidade.
A refeição saiu óptima, julgando os convidados que ela teria sido confeccionada pelo chefe inglês. No final, porém, Jamie Oliver fez-lhes a surpresa: apresentou a equipa que o tinha ajudado e, depois, convidou cada um dos seus jovens colaboradores de cozinha a darem o seu testemunho.
Foi comovente, num programa que vi na televisão, ouvir alguns dos adolescentes dizerem que, pela primeira vez, tinham visto o seu trabalho valorizado; quanto tinham aprendido, não só sob o ponto de vista culinário, a trabalhar em equipa sem estarem constantemente a serem menosprezados no que faziam. Quanto se tinham empenhado naquele jantar por o chefe ter sabido confiar neles e esperar deles um trabalho condigno.
Se o exemplo demonstrado pelo chefe Oliver junto daqueles adolescentes, de confiança, de valorização daquilo que é feito, de promoção da inter-ajuda, proliferasse quer nas escolas, quer nas famílias, talvez se encontrassem menos adolescentes problemáticos e um pouco mais felizes.


                                     Mário Freire