Jamie Oliver é um
chefe de cozinha inglês de nomeada mas é, também, uma personalidade televisiva
do Reino Unido. Ele tem-se empenhado na cruzada de levar as pessoas a utilizar
alimentos naturais e, mais recentemente, em mudar os hábitos alimentares nas
escolas britânicas e, também, nas escolas americanas. Um dos seus grandes
objectivos é alterar o sistema dietético escolar baseado em alimentos
industrializados e fast-food e substituí-lo por refeições com alimentos
variados, naturais e ricos em verduras e fibras.
Mas ele persegue,
ainda, um outro grande objectivo: o fazer da cozinha um factor de integração
social. Assim, ele criou o restaurante Fifteen destinado a dar formação a
jovens com desvantagens sociais, proporcionando-lhes oportunidades de fazerem
carreira no domínio da gastronomia.
Mas, tal como a música,
aqui já referida, que foi utilizada na integração de crianças e adolescentes
desfavorecidos, também ele, nas escolas, organizou equipas com esses
adolescentes marcados socialmente. Assim, numa escola secundária de Huntington,
na Virgínia, Estados Unidos, foi procurar adolescentes, na maioria com
problemas comportamentais, e levou-os para a cozinha. O objectivo era dar um
jantar às personalidades com maior destaque, incluindo um senador, que poderiam
ajudá-lo, financeiramente, no projecto. O jantar seria confeccionado pelos
próprios adolescentes. O desafio era grande e os jovens responderam com uma
grande motivação e sentido de responsabilidade.
A refeição saiu
óptima, julgando os convidados que ela teria sido confeccionada pelo chefe
inglês. No final, porém, Jamie Oliver fez-lhes a surpresa: apresentou a equipa
que o tinha ajudado e, depois, convidou cada um dos seus jovens colaboradores
de cozinha a darem o seu testemunho.
Foi comovente, num
programa que vi na televisão, ouvir alguns dos adolescentes dizerem que, pela
primeira vez, tinham visto o seu trabalho valorizado; quanto tinham aprendido,
não só sob o ponto de vista culinário, a trabalhar em equipa sem estarem constantemente
a serem menosprezados no que faziam. Quanto se tinham empenhado naquele jantar
por o chefe ter sabido confiar neles e esperar deles um trabalho condigno.
Se o exemplo
demonstrado pelo chefe Oliver junto daqueles adolescentes, de confiança, de
valorização daquilo que é feito, de promoção da inter-ajuda, proliferasse quer
nas escolas, quer nas famílias, talvez se encontrassem menos adolescentes problemáticos
e um pouco mais felizes.
Mário Freire