Surgem gritos de azul na madrugada
Que destronam a noite feiticeira.
Há morcegos na casa assombrada.
Cavado corre o leito da ribeira.
Retalhado o luar vai de abalada
Perfurante uma asa rasga o dia.
Vai a noite fugindo em derrocada.
No choupal, já entoa a cotovia.
Tudo acorda em sonantes arrepios
Lança a luz, mil tentáculos sombrios.
Um dia é um degrau a decrescer.
Porque, além, no poente o sol se esconde?!...
Soberbo, o universo ouve e responde:
- Assim, está escrito e tem de ser!...
Aldina
Cortes Gaspar