quarta-feira, 18 de março de 2015

O FUNDAMENTALISMO AMBIENTAL





            Fundamentalista poderá ser alguém que se nega dialogar ou, então, alguém para o qual algo é sagrado pelo que não está disposto a qualquer tipo de negociação. Actualmente, ouve falar-se bastante em fundamentalismo islâmico e as consequências dele no mundo contemporâneo; mas o que é o fundamentalismo e quando surgiu?            Fundamentalismo é uma palavra que nasceu no contexto religioso do protestantismo em meados do século XIX. Essencialmente, significa que um indivíduo não abre mão dos fundamentos de sua fé e desse ponto de vista todos nós somos, em princípio, fundamentalistas; o problema está em deixar que esse fundamentalismo se transforme em extremismo ou radicalismo. Porém, o fundamentalismo só começou a preocupar o mundo em 1979, quando a Revolução Islâmica transformou o Irão num Estado teocrático e obrigou o país a um retrocesso aos olhos do Ocidente. É o sintoma de uma crise generalizada: crise económica, cultural e de identidade e ainda uma crise de autoridade.
            E que dizer acerca do fundamentalismo ambiental? Todos os dias somos confrontados com notícias aterradoras, relacionadas com o meio ambiente. A população mundial cresceu exponencialmente e tem conseguido sobreviver graças ao desenvolvimento tecnológico na indústria, na medicina, na agricultura, etc. Será este desenvolvimento sustentável?       
            Em qualquer actividade existem riscos: são conhecidos de todos a explosão duma fábrica de produtos químicos em Bophal (Índia), as grandes áreas contaminadas pela agricultura devido ao uso indevido ou não controlado de pesticidas e o acidente nuclear de Chernobyl, entre outros.
            Todavia, o fundamentalismo ambiental poderá fazer-nos cair na tentação de desejar risco potencial zero. Para isso teríamos que fechar todas as indústrias e voltar a viver tal como os nossos antepassados mais distantes. O sistema industrial levou ao limite do tolerável as nossas condições naturais de vida, fazendo passar os predadores por cientistas e os ambientalistas por utopistas. O ambientalismo, porém, não é uma utopia: o que os ambientalistas fazem é lembrar que os recursos naturais são finitos e que a natureza tem regras e equilíbrios próprios que não poderão ser perturbados.

                                                       FNeves