Quantas crianças e
adolescentes filhos de pais separados frequentam, nos dias de hoje, a escola? Quantas
destas crianças e adolescentes podem contar com a participação de ambos os pais
na sua educação? As respostas a estas perguntas talvez pudessem ajudar a
compreender melhor uma realidade que está a assumir grande relevo na sociedade portuguesa
a qual não pode passar à margem das preocupações da escola, na sua relação com
a comunidade.
Pretende-se,
actualmente, que a escola seja resposta para muitos dos problemas da sociedade
e que, directamente, não têm a ver com as tarefas de ensino e de aprendizagem,
tais como a alimentação, segurança, apoio social, apoio psicológico... Mas
esses problemas são fortes condicionadores daquelas mesmas tarefas de ensino e
de aprendizagem!
Ora, uma das questões que tem subjacente um
desses problemas é a seguinte: será que os pais, pelo facto de estarem
separados, deixam de ser pais? Os dados de observação corrente permitem afirmar
que, em regra, há uma desigualdade, nos papéis dos progenitores que se
encontram separados, nas tarefas de educação dos filhos, sendo o pai,
normalmente, o progenitor que mais sai prejudicado na participação nessas
tarefas.
Se os filhos, crianças
ou adolescentes, têm um pai e uma mãe, estes, apesar das diferenças que os
dividiram, dos conflitos que viveram, têm que estar conscientes de que o bem
daqueles exige que eles dialoguem, pelo menos, nos assuntos que aos seus filhos
diz respeito. Se a criança ou adolescente sentir que os pais, apesar de
separados, mantêm um diálogo sobre os seus problemas, lhes dão orientações que
não são divergentes mas, antes, concordantes, isso proporcionar-lhe-á maior
confiança em si próprio, um sentimento de segurança e de tranquilidade que o
ajudará nas suas relações com os outros e no seu rendimento escolar.
Os pais, apesar de
estarem separados, devem constituir-se sempre em apoios dos filhos e, em caso
algum, usarem estes como armas de arremesso ou de vingança. Tal só iria
contribuir para fazer dos filhos pessoas inseguras, temerosas, instáveis,
agressivas e…bastante infelizes.
Mário
Freire