Foi publicado um
estudo em 2013, pela OCDE, sobre alguns aspectos da educação dos seus países
membros. Ora, segundo esse trabalho, está a assistir-se a uma tendência nos
jovens, na orientação dos seus estudos superiores, para as ciências sociais,
incluindo nestas a economia, a gestão e o direito. Mais: esta tendência continuou
a acentuar-se este ano. Em certos países, como na Indonésia, Rússia, México e
Hungria, a percentagem de jovens de 18 anos a seguir estes ramos do
conhecimento ultrapassa já os 40%!
Discriminando melhor
esta grande área, verifica-se que dentro dela há distâncias abissais entre as
suas componentes. Assim, os que desejam ir para gestor são em muitíssimo maior
número dos que preferem ser sociólogo. Por outro lado, apenas 9% dos jovens
ingressam nas chamadas ciências duras (Física, Matemática…). É certo, pelo
menos no nosso País, que o ingresso num curso que conduza a uma carreira de
investigação científica não tem futuro e muitos dos actuais cientistas
encontram-se a trabalhar numa grande precariedade laboral que os está a remeter
ou para o desemprego ou para a emigração ou para outras actividades. Nas
Engenharias, que fazem a transição entre as ciências puras e as aplicadas, o panorama
também não é muito animador, pelo menos em Portugal. Se entre os países da OCDE
há 15% de jovens que ingressam num curso de engenharia, em Portugal o
desinteresse foi tal que 45 cursos de engenharia ficaram vazios e muitos outros
não obtiveram senão um número reduzido de alunos.
É cada vez mais
frequente, por outro lado, encontrarem-se diplomados a trabalhar em áreas que
não são as da sua formação. As competências de personalidade parecem rivalizar
com a formação de base. Enfim, nos dias que correm, onde a imprevisibilidade
nos toca amiudadamente, não é aos 18 anos que se estabelece o futuro
profissional. Desenvolver, em simultâneo, conhecimentos e competências eis a
tarefa que se coloca ao aluno do ensino superior. Depois…as circunstâncias da
vida e a sabedoria ditarão o seu futuro.
Mário Freire