domingo, 23 de novembro de 2014

UMA ONDA NO MECO




Escolhido o curso e a candidatura aceite, os alunos chegam à universidade, para iniciar uma nova vida académica.
 O que fazem as universidades – as que merecem esse nome, pois é de supor serem locais de transmissão de conhecimentos adquiridos por toda a humanidade – para integrar, como deve ser, os novos alunos? Algumas designam três dias no início do ano lectivo para a sua integração. É então que os caloiros, acompanhados das famílias, dos namorados e namoradas, etc., participam em actividades comuns, ditas praxes, com vista a uma passagem que se pretende ser “cool” ou melhor, suave, para o novo ambiente estudantil.
Em geral, as praxes têm a sua melhor defesa na ideia de que pretendem constituir-se como  um mecanismo que ajude a integração, mais rápida e simpática, dos mais novos com os mais velhos e com a  universidade. Depois, há a questão das formas que vem assumindo: tem havido  tendências  para práticas do tipo iniciático, o que é perigosamente escorregadio.
Mas poderia não ser assim, com as praxes a desenvolver quer actividades lúdicas, quer actividades de carácter social, por exemplo.          
Ficam as praxes das universidades portuguesas. No código das Praxes da Universidade do Algarve pode ler-se: ” A PRAXE é o saber viver bem todo um percurso académico. Significa o respeito mútuo, a camaradagem, a entreajuda, os cerimoniais, o convívio, a integração num meio universitário, completamente novo para todos os novos alunos. A própria palavra latina PRAXIS significa prática, modo de agir.”
Não é isto que se verifica na maioria das universidades portuguesas: práticas primitivas e insultuosas, para quê? É a isto que se chama em Portugal a integração universitária? Que profissionais serão estes, no futuro? Em que quadro moral de referência habitam e se movem?
Do mais degradante que pode haver. Impressiona o que a vontade de pertença a um grupo leva as pessoas (praxantes e praxados) a fazer.
Quando a onda do Meco se esbater da opinião pública, volátil e errante, lá voltaremos ao orgulhosamente sós …


                                                                       FNeves