Teve lugar no passado mês de Junho em
Sèvres um colóquio internacional sobre os sistemas educativos asiáticos, tendo
por protagonistas os países desta região que têm conseguido resultados
brilhantes no programa PISA. Esclareça-se que este programa visa avaliar, em
jovens de 15 anos, não apenas os conteúdos do seu currículo escolar mas,
principalmente, a capacidade que eles têm em aplicar os conhecimentos aos desafios
da vida real. Será que o modelo asiático pode ser exportado para a Europa? Esta
foi a questão que esteve subjacente ao longo do colóquio.
Ora, se Xangai-China,
Hong Kong-China, Japão e Coreia do Sul são territórios que se têm destacado pelos
bons desempenhos dos seus alunos, Singapura mereceu, no entanto, ainda maior
atenção. O seu ensino foi considerado como uma das principais referências pelos
países que desejavam reformar os respectivos sistemas educacionais.
Esta Cidade-Estado,
embora já tivesse a sua auto-governação alguns anos antes de 1963, só nesse ano
se tornou um Estado totalmente independente. Os seus responsáveis educacionais
definiram duas grandes metas que deviam nortear, a partir dessa altura, toda a
acção educativa: 1- favorecer o crescimento económico nacional; 2- encorajar a
coesão social e a identidade nacional no seio de uma população multi-étnica e
multi-religiosa.
A primeira meta tentou
ser alcançada através do reforço das competências em inglês, matemática e
ciências, desde o primário até ao pré-universitário. Para se atingir a segunda
meta, a coesão social e a identidade nacional, para além da preocupação pela
literacia cívica, estabeleceram-se um conjunto de ritos diários nas escolas,
entre os quais a recitação de um juramento de lealdade, o içar da bandeira e o
canto do hino nacional. Estas metas nortearam, depois, um conjunto de
princípios e de intervenções que têm sido sucessivamente adaptados às
circunstâncias de hoje.
Algumas destas metas
educacionais, com as devidas adaptações, não poderiam ser inspiradoras para
Portugal?
Mário Freire