sábado, 4 de outubro de 2014

BOLO DE CHOCOLATE COM LIMÕES ?!


Quando nos preparamos para fazer um bolo parece-nos óbvio controlar primeiro os ingredientes que temos. Querer um bolo de chocolate quando o único ingrediente à disposição capaz de proporcionar sabor são limões é uma situação compreensivelmente absurda. Mas além do ingrediente principal (neste caso, o chocolate), precisamos de saber igualmente que outros ingredientes temos que nos ajudam a preparar o bolo: o tipo de farinha, o tipo de açúcar, os ovos dentro do prazo, depois ainda algum equipamento necessário (batedeiras, etc.), o forno adequado, enfim… pode não ser tarefa fácil, sobretudo se não temos nada do que é necessário para cozinhar o bolo de chocolate tal como o queríamos.
Ora, com o ser humano passa-se a mesma coisa. Nós somos um conjunto de ingredientes dotados de certas ferramentas capazes de construir relações e realizar sonhos. No entanto, antes ainda de definir o tipo de bolo/objetivo que queremos, temos de conhecer os ingredientes: quais são necessários e se os temos ou não. Grande parte das nossas frustrações nasce precisamente desta incongruência entre os objetivos estabelecidos e as ferramentas ao nosso dispor.
O primeiro passo é, portanto, o autoconhecimento: conhecer os nossos ingredientes e como funcionamos, caso contrário passamos a vida a querer bolos de chocolate quando só temos limões. O autoconhecimento é uma fase extremamente difícil, razão pela qual muitas pessoas fogem dela, preferindo continuar a viver na ilusão de terem o chocolate.
O segundo passo é a aceitação: não podendo fazer bolos de chocolate só com limões, em vez de vivermos na revolta de não termos chocolate, é mais sábio aceitarmos que também se podem fazer bolos com limões. Não será igual, mas será o que nos é possível. E provavelmente o resultado será surpreendente! Porém, aceitar não implica resignar-se. Uma atitude de resignação seria não fazer bolo nenhum. Aceitar significa tomar parte ativa da solução perante a situação tal como ela se apresenta. Só depois de conhecermos e aceitarmos o que temos é que podemos então elaborar o bolo. E garanto-lhe que, para si, será o melhor do mundo!

                                            Rossana Apolloni