A
primeira ideia que vem à mente de um leigo em matéria de educação é que os
testes servem para classificar os alunos. Não excluo que a grande maioria deles
terá, nas nossas escolas, essa finalidade. Mas nem todos os testes deveriam
servir para classificar.
Assim,
no início de uma unidade de ensino será desejável que haja uma informação sobre
os conhecimentos já adquiridos por parte do aluno. Esta informação servirá quer
para o professor poder adequar os processos de ensino ao seu público, quer para
o aluno fazer a recuperação de eventuais matérias em atraso e que sejam
necessárias às aprendizagens que irão seguir-se. Aqui, não há que atribuir
qualquer classificação mas, antes, uma informação ao aluno daquilo que ele necessita
de lembrar.
Claro
que, durante o processo de ensino, o professor, mediante questões escritas ou
orais, tem sempre a possibilidade de ir recolhendo informações junto dos alunos
sobre o modo como a aprendizagem está a ser feita; significa isso que, em
qualquer momento, ele pode ter que reformular as estratégias já delineadas. É o
feedback a funcionar no sentido aluno-professor.
Finalmente
há o teste que associa a si uma classificação do aluno. Note-se que muitos
professores se satisfazem com os resultados dos seus alunos quando aqueles
seguem um padrão semelhante ao da curva de Gauss. Este padrão traduz-se por uma
distribuição dos resultados em que a maioria tem uma classificação média, e
duas minorias, uma com resultados altos e outra com resultados baixos. Esta é
uma curva de probabilidade que traduz a ocorrência de um número elevado de acontecimentos
aleatórios.
Acontece
que o ensino não é uma actividade aleatória mas um acto intencional, visando o
êxito dos alunos. Se os resultados de um teste se traduzirem num número elevado
de classificações negativas, eles deverão alertar o professor para que algo não
está a correr como devia, havendo necessidade de intervir, por vezes, a vários
níveis.
Mário Freire