Ajudar os outros
dá-nos prazer e proporciona significado à nossa vida. Ser prestável a outra
pessoa, sentir que a nossa presença contribui para melhorar, de alguma forma, a
vida do outro, oferece-nos uma sensação de satisfação connosco próprios que se
traduz na valorização da nossa própria vida.
A facilidade com que
somos prestáveis depende não só da relação que temos com a outra pessoa mas
também do que é que a outra pessoa já fez por nós. A nossa predisposição para
ajudar o próximo é muito maior quando já recebemos ajuda desse alguém. Através
da lei da reciprocidade humana, é mais natural fazer pelo outro o que o outro
já fez por nós.
Estamos então perante
uma espécie de círculo vicioso no qual ajudar contribui para o nosso bem-estar,
dando sentido e prazer à nossa vida, mas para ajudar mais espontaneamente
precisamos de ter sido ajudados. Sendo assim, se nós nos focarmos, diariamente,
no que os outros fazem por nós, desenvolvemos a capacidade de ver essa ajuda,
que tantas vezes passa despercebida.
Todos os dias há quem
faça algo por nós, nem que seja com a sua presença, o seu sorriso, o seu olhar,
a sua simpatia. Todos os dias alguém enriquece a nossa vida, contribui para que
ela seja mais aprazível. No entanto, ao darmos valor apenas a quem preenche as nossas
expectativas, que muitas vezes caem no vazio, aumentamos cada vez mais a dor de
não sermos ouvidos.
Concentrar a nossa
atenção na gratidão ajuda-nos a bloquear as emoções tóxicas, tais como a inveja
ou o ressentimento; obriga-nos a ter um papel mais ativo na nossa vida, pois
decidimos dar valor aos acontecimentos; aumenta a nossa resiliência e,
simultaneamente, ajuda-nos a ultrapassar melhor a ansiedade. Além disso,
reconhecer o que os outros fizeram por nós fortalece as nossas ligações
afetivas e faz de nós pessoas mais generosas. Resumindo, a gratidão avigora a
nossa felicidade, pelo que vale a pena experimentar dedicar uns minutos por dia
a pensar: a que estou grato hoje?
Rossana
Appolloni