O debate na sala de
aula, se reunidos determinados requisitos, pode constituir-se num factor de
grande enriquecimento intelectual e cívico. Destacaria, no entanto, algumas
condições para que tal acontecesse. Uma delas, haver o contacto visual entre os
alunos. A aula é um acto comunicacional; é vendo-nos uns aos outros que melhor
participamos. Outra condição diz respeito ao conhecimento do tema pelos alunos;
para isso, há que estudá-lo individualmente, investigá-lo e, depois, em pequeno
grupo, tentar dar respostas a questões suficientemente motivadoras colocadas
pelo professor, debatê-las entre si, e que tentem responder a um problema por
ele enunciado. O debate será o culminar deste trabalho em que cada grupo,
depois, apresentando a sua argumentação, estará aberto às contribuições dadas
pelos outros grupos.
Ao
professor, como moderador da discussão, caberá, logo no início, estabelecer as
regras do debate. Acontece com frequência que, num debate, há sempre alunos que
se salientam quer pelos conhecimentos, quer pela expressão fácil, quer,
simplesmente, porque gostam de dar nas vistas. Pelo contrário, outros há que, tendo
conhecimentos, manifestam dificuldade em participar devido à sua timidez. O
professor, então, não permitirá que os primeiros saiam do tema ou que ocupem
demasiado tempo nas suas intervenções e incentivará os segundos a participar, colocando-lhes
questões ou sublinhando as suas respostas, se elas tiverem alguma pertinência.
No final, o debate deve tender para uma solução ou, pelo menos, apontar para
ela.
Uma
discussão, em aula plenária, tenha ela lugar no secundário ou superior (em anos
de escolaridade mais baixos tornar-se-á um pouco mais difícil a sua prática, mas não impossível), sendo bem
conduzida, além de suscitar grande motivação, interioriza nos alunos a
necessidade prévia de adquirir informação sobre algo em que têm que dar opinião
fundamentada, ajuda-os a respeitarem-se uns aos outros e contribui para que
todos possam, de uma maneira cooperativa, participar na procura de uma solução para
um problema.
Mário Freire