Segundo
um estudo feito pelo psicólogo James Coan em agosto de 2013, a nossa identidade
estrutura-se bastante à volta de quem conhecemos e das pessoas com quem
entramos em empatia. O estudo feito monitorizava pessoas que observavam outras
a receberem tratamentos de eletrochoque. Como resultado, verificou-se que a
atividade cerebral era completamente diferente caso se observasse um
desconhecido, ou alguém próximo. Até aqui parece tudo normal e óbvio, mas o
mais interessante é que a reatividade do observador era basicamente idêntica ao
comportamento cerebral da pessoa chegada que estava a receber o tratamento.
Este resultado vem demonstrar que a forte ligação emocional entre as pessoas
implica uma espécie de “fusão” uns com os outros.
As
relações afetivas tornam-nos mais empáticos na medida em que aumentamos a nossa
capacidade de nos colocarmos na pele do outro, de compreendermos a dor ou as
dificuldades por que o outro está a passar, como se fôssemos nós próprios a
vivê-las. Assim, as pessoas que nos são afetivamente mais chegadas tornam-se
parte de nós e tudo o que sentem, pensam e dizem tem impacto sobre o nosso ser.
Esta
leitura traduz-se num elo emocional intenso em que o nosso bem-estar também
depende do bem-estar dos outros, pelo que a nossa capacidade de contribuir para
um bem-estar mais alargado e de estimular nas outras pessoas opções que se
repercutem na sua felicidade tem um retorno positivo sobre nós.
Portanto,
condicionar os outros (filhos, marido/mulher, pais, irmãos, colegas, etc.) e
encaminhá-los para escolhas que, aparentemente, nos agradam a nós acaba por não
ser uma boa opção, pois sentir a outra pessoa insatisfeita e infeliz vai
provocar o mesmo estado de ânimo dentro de nós. Se os outros são como uma
extensão nossa, a melhor forma de nos sentirmos bem é ajudar a outra pessoa a
realizar os seus sonhos como se fossem nossos e não impor-lhes os nossos como
se fossem delas.
Rossana Appolloni