Um
dos elementos fundamentais para uma pessoa se sentir feliz é viver emoções
positivas. Usufruir do prazer e da alegria através de atividades que nos fazem
sentido e enriquecem a nossa vida em termos de significado contribui
enormemente para nos sentirmos bem pela vida que escolhemos.
No
entanto, ser feliz não implica vivermos num estado permanente de prazer e
euforia, nem requer a experiência constante de emoções positivas. As emoções
negativas e o sofrimento são constituintes inalienáveis da condição humana,
pelo que é extremamente importante aceitar que elas fazem igualmente parte de
nós. Recalcar as emoções negativas é negar parte da nossa condição. Se estamos
tristes porque recebemos más notícias de um familiar ou de um amigo não
significa que não somos felizes, significa apenas que somos vulneráveis.
Para vivermos na
plenitude da nossa condição não precisamos de andar sempre com um sorriso nos
lábios, precisamos sim de experimentar o rico e vasto leque das emoções que
definem a nossa humanidade. Quanto mais retrairmos a aceitação das emoções
negativas mais nos fechamos à plenitude das emoções positivas. Quando
reprimimos a tristeza, o medo ou a indignação estamos a desvalorizar a nossa
própria complexidade para sentirmos alegria, deslumbramento ou gratidão.
Ninguém
consegue ter uma vida emocional preenchida apenas com momentos positivos e
exaltantes, a não ser que se esteja a enganar a si própria. Claro que, para nos
sentirmos felizes, a dor e o sofrimento devem ser a exceção e não a regra.
Temos de sentir em consciência, apesar de todas as dificuldades e
contrariedades, que a vida vale a pena ser vivida e que os períodos negativos
são passageiros, inevitáveis mas ultrapassáveis. Neste sentido, as emoções
podem ser vistas todas como positivas na medida em que nos humanizam.
Reprimi-las é não nos permitirmos ser o que verdadeiramente somos.
Rossana Appolloni