quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ENSINAR A PENSAR É POSSÍVEL?



Algumas décadas atrás considerava-se o quociente intelectual (QI) como uma entidade fundamental para a predição do êxito escolar. É claro que a sua determinação estaria ligada a um certo conceito de inteligência.
 Sabe-se hoje que a inteligência pode manifestar-se sob múltiplas formas e revestir aspectos com incidências em vários campos. Ela parece ser um conjunto complexo de competências em que a pessoa, numa delas, pode revelar um desempenho que não é, necessariamente, o mesmo nas outras.
Por isso, o QI, embora continue ainda a ser usado, já não tem, presentemente, a absolutização que lhe era atribuído. Além disso, aquilo que parecia ser uma entidade imutável veio, depois, através de múltiplas experiências, a dar lugar à concepção de que as capacidades cognitivas podem mudar, de que é possível desenvolver-se a capacidade de aprender.
Vários programas foram levados a cabo, tendo em vista promover algumas competências cognitivas. A Universidade do Minho e a F. C. da Universidade de Lisboa chegaram mesmo a impulsionar actividades de desenvolvimento cognitivo fora das actividades curriculares. Outros programas, no entanto, apareceram que estão enquadrados nas actividades do currículo, em que os alunos, ao mesmo tempo que aprendem conteúdos disciplinares, põem em actividade novas estratégias de pensar e de aprender.
Pelo menos uma intervenção deste tipo já foi operacionalizada, a título experimental, na região de Lisboa, abrangendo 46 alunos do 6º ano de escolaridade, com baixo rendimento na disciplina de Língua Portuguesa, tomando esta disciplina como instrumento do desenvolvimento cognitivo.
Talvez valesse a pena ler o livro da Mª Helena Salema (Ensinar e aprender a pensar, Texto Editores), pois ele poderia inspirar acções neste campo com repercussões nos domínios pedagógico e social.


                                                              Mário Freire