Aparentemente, os jovens que constituem esta geração têm muitas diferenças entre si: enquanto que uns vivem numa grande precariedade, outros encontram-se bem instalados na vida; uns ainda estudam; outros já estão a trabalhar ou partiram para o estrangeiro à procura de trabalho. Eles repartem-se por ambos os sexos, diferentes países, classes sociais e idades.
Afinal, se existem tantas diferenças,
que sentido tem dar-se-lhe uma designação englobante? Simplesmente porque esta
geração radica num aspecto comum que é transversal a todo o planeta: o uso da
internet. Por outro lado, pelo menos nas culturas ocidentais ou
ocidentalizadas, a sua esperança de vida já ultrapassou os 80 anos; os seus
compromissos sentimentais estão em linha com a efemeridade que atravessa os
nossos tempos em que o emprego é bem o reflexo desta realidade. Muitos dos seus
pais também já se separaram e fizeram novas uniões.
É nesta sociedade em que cada um,
estando sozinho, está ligado a milhares de outros, numa rede sem fronteiras,
sejam elas geográficas, culturais ou de afectos. Esta geração adquiriu outras
experiências que seus pais nem vislumbraram. As fronteiras dos conhecimentos a
que tem acesso estão para além de cada limite que se possa estabelecer e o
idioma já não é barreira para comunicar.
Ela vê-se e fala com alguém em qualquer parte do mundo.
Está a assistir-se a uma mudança de
modelo de viver, qual renascença contemporânea. Os que não tentam acompanhar
ou, pelo menos, compreender estas mudanças, vão-se considerando excluídos desta
sociedade. Mas, ela própria, geração Y, vai sentindo que a busca que empreende
para dar sentido às suas vidas fica cada vez mais difícil e angustiante; o
tempo de que dispõe para reflectir, apesar de, muitas vezes estar isolada, entre
quatro paredes, não lhe chega para colocar a si própria as grandes questões da
existência humana. E se este caminho conduz à felicidade!
Mário
Freire