O
que pensamos acerca de nós tem uma influência por vezes inimaginável sobre a
forma como nos comportamos e lidamos com as situações. A cultura ensinou-nos a
sentirmo-nos culpados por tudo o que fazemos mal e a atribuir à sorte os
sucessos que vamos tendo. A crítica externa é algo a que nos habituamos desde
pequenos, embora nos magoe sempre. Rapidamente deixamos de precisar da crítica
externa para passarmos para a autocrítica. Naturalmente que ter um sentido
crítico sobre nós próprios é positivo na medida em que nos pomos em causa e nos
abrimos a outras perspectivas. No entanto, se essa autocrítica surge apenas no
sentido autodestrutivo pode ter efeitos nefastos sobre a nossa vida.
As
pessoas que têm a sua atenção muito focada no sucesso são geralmente muito
competitivas, bastante rígidas na própria visão e se não atingem os objetivos
sentem-se fracassadas e frustradas. Perante estes sentimentos, surge uma raiva
cujo resultado é, frequentemente, estabelecer metas ainda mais rígidas e duras,
pelo que este padrão vai fazer com que o sujeito entre num ciclo em que, ao
querer cada vez mais, vai ter cada vez menos. Às tantas, sentimo-nos incapazes
e avaliamo-nos negativamente. Daí à autocrítica e à autopunição é um passo, o
que só provoca stress, ansiedade, insegurança e baixo rendimento. O fosso entre
o eu ideal (o que gostaríamos de ser) e o eu real (o que somos) aumenta cada
vez mais.
Ultrapassar
esta visão negativa acerca de nós próprios é essencial para conseguirmos ter
sucesso. Para isso, há que estabelecer objetivos reais, pois ao atingi-los
sentimo-nos bem. Conhecermos os nossos limites e aceitá-los permite-nos
irmo-nos adaptando às circunstâncias da vida de forma a tirarmos proveito da
viagem, pois a felicidade não está no alcance da meta em si mas no percurso que
fazemos para lá chegar. O autoconceito só será positivo se em vez de nos
focarmos em objetivos irreais, nos focarmos nos pequenos passos do dia-a-dia.
Rossana Appolloni