sábado, 6 de julho de 2013

OS FILHOS E O PROCESSO DE DIVÓRCIO DOS PAIS


         Uma separação, seja ela por que motivo for, é sempre penosa. O sair de casa de alguém deixa um vazio que vai atingir a identidade da família. Quem sai de casa sofre, assim como quem fica também sofre. A saída equivale a uma perda. Ora, perder alguém pode implicar um sofrimento de tal modo intenso que, quando estão envolvidas crianças, ele é susceptível de gerar fortes traumas que se prolongam pela vida fora. 
            Nos últimos tempos tem-se assistido a um aumento exponencial do número de divórcios. Basta referir que em 1970, o número de divórcios por 100 casamentos era de 0,6; em 1980, esse valor subiu para 8,1; em 1990 passou para 12,9; em 2000 atingiu o valor de 30,0 e em 2011 subiu para 74,2. Significa isto que, por cada 100 casamentos, houve 74,2 divórcios.
            Em muitos divórcios estão envolvidos filhos de pequena idade. Quando tal acontece, mesmo que a separação ocorra de modo civilizado, inclusive amigavelmente, não deixa de haver angústias, das quais as crianças se ressentem. Seria, pois, altamente benéfico para os filhos que os pais, em processo de divórcio, os protegessem o melhor que pudessem e lhes fizessem ver que pai e mãe continuam a dispensar-lhes todo o amor. Só com o amor de ambos a criança consegue desenvolver-se adequadamente.
            Quando se assiste, em certos divórcios, o pai ou a mãe utilizarem os filhos, manipulando os seus sentimentos, como arma de vingança de um contra o outro, é porque aquele que assim procede se desinteressou completamente da saúde psicológica dos seus filhos, dos traumas que lhes poderão estar a infligir, dando preferência aos seus egoísmos e vinganças.
            Proteger as crianças dentro da família, mesmo quando esta está em crise, e principalmente nestas circunstâncias, é contribuir para a formação de adultos mais capazes de enfrentarem as adversidades da vida e mais aptos a darem o seu contributo à sociedade.


                                                                                   Mário Freire