Uma separação, seja ela por que motivo for,
é sempre penosa. O sair de casa de alguém deixa um vazio que vai atingir a
identidade da família. Quem sai de casa sofre, assim como quem fica também
sofre. A saída equivale a uma perda. Ora, perder alguém pode implicar um sofrimento
de tal modo intenso que, quando estão envolvidas crianças, ele é susceptível de
gerar fortes traumas que se prolongam pela vida fora.
Nos
últimos tempos tem-se assistido a um aumento exponencial do número de
divórcios. Basta referir que em 1970, o número de divórcios por 100 casamentos
era de 0,6; em 1980, esse valor subiu para 8,1; em 1990 passou para 12,9; em
2000 atingiu o valor de 30,0 e em 2011 subiu para 74,2. Significa isto que, por
cada 100 casamentos, houve 74,2 divórcios.
Em
muitos divórcios estão envolvidos filhos de pequena idade. Quando tal acontece,
mesmo que a separação ocorra de modo civilizado, inclusive amigavelmente, não
deixa de haver angústias, das quais as crianças se ressentem. Seria, pois,
altamente benéfico para os filhos que os pais, em processo de divórcio, os
protegessem o melhor que pudessem e lhes fizessem ver que pai e mãe continuam a
dispensar-lhes todo o amor. Só com o amor de ambos a criança consegue
desenvolver-se adequadamente.
Quando
se assiste, em certos divórcios, o pai ou a mãe utilizarem os filhos,
manipulando os seus sentimentos, como arma de vingança de um contra o outro, é
porque aquele que assim procede se desinteressou completamente da saúde
psicológica dos seus filhos, dos traumas que lhes poderão estar a infligir,
dando preferência aos seus egoísmos e vinganças.
Proteger
as crianças dentro da família, mesmo quando esta está em crise, e
principalmente nestas circunstâncias, é contribuir para a formação de adultos
mais capazes de enfrentarem as adversidades da vida e mais aptos a darem o seu
contributo à sociedade.
Mário Freire