O
presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, na reunião que se efectuou
especificamente para o efeito, seguiu-se no uso da palavra de cujo discurso
transcrevo o pequeno parágrafo que se segue:
“ O
solene acto a que hoje assistimos do lançamento da primeira pedra no alicerce
duma escola do ensino primário que se vai edificar neste local, com auxílio do
valioso legado deixado pelo benemérito finado Conde Ferreira para 120
estabelecimentos desta ordem em todo o reino, merece ser festejado por todos os
habitantes desta cidade, por ser mais um meio que se lhes oferece para a
educação de seus filhos, que se se aplicarem ao estudo com assiduidade e
decidida vontade, poderão e deverão mesmo tornar-se cidadãos prestantes e contribuírem
por este modo para o bem da sociedade, de suas famílias e de seu próprio, o que
cordialmente desejo se realize” .
Em
seguida, procedeu-se ao lançamento da primeira pedra, contendo esta
esculpida a data 1867, tendo o relator descrito
ao pormenor as intervenções de todos os participantes, bem como o significado e
simbolismo do acto.
A
extensa acta, que por certo deve ter sido redigida durante o próprio acto
inaugural termina com as 54 assinaturas, colocando à frente de cada uma as
funções oficiais desempenhadas pelos respectivos titulares. Há assinaturas do
Juiz da Comarca, do Delegado do Procurador, do Vigário da Sé, do Reitor do
Liceu, do Director de Finanças, do Professor da Escola de Ensino Mútuo, de
professores do Liceu, de funcionários do Governo Civil, da Câmara Municipal, do
Regedor da freguesia da Sé e de muitos cidadãos albicastrenses.
Não
se pense que o calendário da construção desta escola foi cumprido normalmente
no prazo previsto de um ano, logo que foram aceites e assinadas as cláusulas
contratuais. As sucessivas referências às deliberações camarárias das actas das
sessões semanais do executivo dos anos 1868, 1869, 1870, até 1875, data da
conclusão e inauguração do novo edifício, vão-nos informando da lentidão do
andamento dos trabalhos de construção e, provavelmente, da própria paragem por
falta de verbas para pagamentos de materiais e mão-de-obra, além dos obstáculos
surgidos no desenrolar das obras no recinto do castelo e junto das muralhas,
algumas das quais em ruinas, que exigiam obras de conservação.
Francisco
Goulão