domingo, 17 de março de 2013

O MÉTODO DE ENSINO MÚTUO - VII



Somos chegados ao termo da nossa incursão pelo método de ensino mútuo que foi utilizado durante umas décadas do século XIX no sistema de ensino português, iniciado nos corpos do exército.
A sua aplicação teve algum mérito por poder rentabilizar o saber de poucos em favor de turmas muito numerosas. Na verdade, eram naquela época diminutos os recursos de docentes e a estatística fatalista do analfabetismo atingia a maioria da população, próxima dos 90%.
Foi, pois, um ponto de partida, exactamente no exército, em face da disciplina e ordem que sempre foram apanágio dos militares. De notar que a implementação deste método trouxe também a vantagem de evidenciar a sólida formação do ser humano se interessar e ajudar o semelhante, quando necessário.
A cooperação e a entreajuda são princípios a cultivar nas relações humanas e são sempre de louvar as iniciativas educativas que propiciam a satisfação de fomentar a prática salutar de a pessoa se disponibilizar em socorro de quem está em apuros.
Embora realçando estas virtudes, não podemos hoje pensar em aplicar o método na escola actual, em que se opera accionando o modo simultâneo e, em caso de extrema necessidade, recorrendo à individualização ocasional.
A abordagem deste tema teve como motivação lembrar os obstáculos sentidos pelos nossos antepassados, que estiveram e estão na origem do atraso ainda hoje sentido na evolução da nossa sociedade, missão que compete à história no sentido de apontar para o progresso.
Terminaremos esta referência com uma citação do beirão nascido em Idanha-a-Nova há mais de dois séculos e que foi par do Reino, José Silvestre Ribeiro, referenciado no presente estudo: “... são indispensáveis as relações mútuas com os sábios dos outros países. Por meio d’essas relações alargam-se os limites da sciencia, corrigem-se e aperfeiçoam-se os conhecimentos próprios (...) consegue-se formar a opinião pública a respeito do merecimento dos indivíduos e do grau de melhoramentos da instrucção nacional (...)”
      Tomo III, p. 233 da História dos Estabelecimentos.....

                                                 Francisco Goulão