Somos
chegados ao termo da nossa incursão pelo método de ensino mútuo que foi
utilizado durante umas décadas do século XIX no sistema de ensino português,
iniciado nos corpos do exército.
A
sua aplicação teve algum mérito por poder rentabilizar o saber de poucos em
favor de turmas muito numerosas. Na verdade, eram naquela época diminutos os
recursos de docentes e a estatística fatalista do analfabetismo atingia a
maioria da população, próxima dos 90%.
Foi,
pois, um ponto de partida, exactamente no exército, em face da disciplina e
ordem que sempre foram apanágio dos militares. De notar que a implementação
deste método trouxe também a vantagem de evidenciar a sólida formação do ser humano
se interessar e ajudar o semelhante, quando necessário.
A
cooperação e a entreajuda são princípios a cultivar nas relações humanas e são
sempre de louvar as iniciativas educativas que propiciam a satisfação de
fomentar a prática salutar de a pessoa se disponibilizar em socorro de quem
está em apuros.
Embora
realçando estas virtudes, não podemos hoje pensar em aplicar o método na escola
actual, em que se opera accionando o modo simultâneo e, em caso de extrema
necessidade, recorrendo à individualização ocasional.
A
abordagem deste tema teve como motivação lembrar os obstáculos sentidos pelos
nossos antepassados, que estiveram e estão na origem do atraso ainda hoje
sentido na evolução da nossa sociedade, missão que compete à história no
sentido de apontar para o progresso.
Terminaremos
esta referência com uma citação do beirão nascido em Idanha-a-Nova há mais de
dois séculos e que foi par do Reino, José Silvestre Ribeiro, referenciado no
presente estudo: “... são indispensáveis as relações mútuas com os sábios dos
outros países. Por meio d’essas relações alargam-se os limites da sciencia,
corrigem-se e aperfeiçoam-se os conhecimentos próprios (...) consegue-se formar
a opinião pública a respeito do merecimento dos indivíduos e do grau de
melhoramentos da instrucção nacional (...)”
Tomo III, p. 233 da História dos
Estabelecimentos.....
Francisco Goulão