sexta-feira, 1 de março de 2013

CARPE DIEM!




            Esta é a expressão que faz de mote a um filme dos finais dos anos 80 e que foi não só um êxito de bilheteira como, também, representou um marco de insubmissão em relação ao autoritarismo e ao conservadorismo. O filme chama-se Clube dos Poetas Mortos e a expressão latina que dá título a esta crónica significa aproveita o dia.
            A acção do filme passa-se, no essencial, numa escola em que a tradição, a honra e a disciplina eram os valores que impregnavam o ensino. Ora o professor Keating, de literatura inglesa, tinha métodos que não se enquadravam bem naquela instituição. Ele tentou que os seus alunos perseguissem as suas próprias aspirações. Para isso, haveria que tirar partido daquilo que cada um tinha de melhor, dos seus talentos e explorá-los; fazia-os experimentar as liberdades de pensamento e de expressão, a lealdade e a afirmação das suas vontades, de modo que cada uma das suas vidas, sendo bem aproveitadas, se tornassem extraordinárias.
            Entusiasmados pelo lema Carpe diem, os alunos ganham coragem e ensaiam desafios e experiências que até então nunca tinham ousado enfrentar. Criam um clube de poesia que reúne, quase clandestinamente, à noite.
            Claro que todos estes procedimentos de afirmação, de autonomia e de expressão dos sentimentos, não se enquadrando na cultura daquela escola, acarretaram riscos quer para os alunos, quer para o professor.
            O que interessa salientar, afinal, é que aquele professor, através do seu ensino, valorizando o que os alunos tinham de bom e radicando num sentido de profunda humanidade, soube fazê-los ver quão importante é aproveitar o que se é e o que se tem.

                                                   Mário Freire