sexta-feira, 29 de março de 2013

APRENDER ATÉ MORRER!



              Num boletim do Conselho Nacional de Educação de Fevereiro de 2012 dizia-se, por intermédio da sua presidente, que “a aplicação da Estratégia de Lisboa, ao longo destes últimos anos, tem tornado bem visíveis os efeitos em Portugal de uma escolarização de massas tardia que resultou num claro deficit de qualificações, por comparação com os restantes países da União Europeia”. Ora, a Estratégia de Lisboa, aprovada pelo Conselho Europeu no ano 2000, é um plano que visa o desenvolvimento de uma sociedade e de uma economia fundadas no conhecimento.
            Mudando de modo acelerado a sociedade, só com a aquisição permanente de novos conhecimentos é possível tentar acompanhar as modificações que vão tendo lugar. Acontece, porém, que muitos não conseguem fazer tal acompanhamento e, por isso, vão ficando excluídos ou, pelo menos, na margem da sociedade.
            A pobreza pode levar à exclusão da sociedade. E o desemprego muito contribui para isso. A aquisição de novas competências profissionais, tendo em consideração as tecnologias que hoje dominam, terá que ser o cerne do combate à exclusão económico-social. E, neste campo, um vasto leque de obrigações cabe ao Estado, através das escolas e dos centros de formação profissional. Mas também às empresas que, em colaboração com aquelas instituições, não podem furtar-se a proporcionarem as aprendizagens adequadas. Trata-se de um dever social!
            Mas a exclusão cultural é também um outro tipo de marginalização que contribui para retirar do mundo do conhecimento um vasto leque de pessoas que não chegam a aperceber-se de um outro universo que está a seu lado e o qual elas estão incapacitadas de explorarem e usufruírem.
            Enfim, razões mais que suficientes para eleger o saber como um desígnio que não acabe na escola mas que seja, apenas, o prelúdio de uma aventura que só termine na morte.

                                                            Mário Freire