quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O CAPUCHINHO VERMELHO E O LOBO MAU



            O Lobo Mau é uma personagem que foi criada há cerca de três séculos e que, ainda hoje, continua bem actual no mundo da literatura infantil, conforme foi comprovado na Exposição do Livro e da Imprensa Juvenil, em Dezembro passado, em Paris. Nesta, foram apresentados os resultados de um inquérito e verificou-se que, numa selecção de 2 400 livros para crianças em que entram animais, o lobo ocupa o 1º lugar de entre 20, com 367 aparições, relegando para 2º lugar o cão.
Uma das histórias mais comuns em que o lobo é figura importante é a do Capuchinho Vermelho, cabendo-lhe, como quase sempre acontece com as restantes histórias, o papel estereotipado de um predador cruel.
Muitas são as versões do Capuchinho Vermelho: nalgumas, o lobo come o Capuchinho e a avozinha; noutras, ele consegue apropriar-se da avozinha e noutras, ainda, fica-se, apenas, pela representação do papel de mau, não tendo sido capaz de se alimentar de nenhuma delas. Em todas as variantes da história do Capuchinho Vermelho ele infunde medo.
Ora, o medo foi um elemento fundamental na educação. Quais das pessoas mais velhas não recordam o sentimento despertado pela famigerada régua, o instrumento auxiliar para alguns professores ensinarem as primeiras letras?! Significa isto que o medo deverá ser retirado da educação?
Ele é uma emoção natural do ser humano e está ligado à sobrevivência não só da pessoa como da própria espécie. O medo é um sinal de alarme perante um perigo, real ou imaginado, que a pessoa sente e, em relação ao qual, toma as medidas de prevenção que julga adequadas. Nem todos os medos serão razoáveis. Eles, no entanto, continuam, ainda, a desempenhar um papel de relevo na educação.
Voltando à história do Capuchinho Vermelho, que lição se poderia retirar para uma criança dos nossos tempos? Talvez que ela aprendesse a ganhar o hábito de desconfiar perante o desconhecido.
E para um adolescente que passa muito do seu tempo livre à frente do ecrã de um computador? Talvez que ele fosse mais prudente em relação àqueles que não conhece e que numa qualquer rede social se apresentam como a avozinha da história do Capuchinho Vermelho, sendo, afinal, um dos tais lobos maus que pela net proliferam!

                                                            Mário Freire