segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

APRENDER A ESTAR REFORMADO



Fica-se reformado quando se atinge o fim da vida profissional e se entra num outro estádio em que o trabalho, para além do significado que cada um entendeu dar-lhe, teve também a componente de obrigação.
Nos tempos que correm, com pessoas a atingirem este fim profissional com uma esperança de vida crescentemente alargada e com proventos constantemente a diminuir, algumas delas, mesmo após a aposentação, continuarão a exercer as actividades que vinham desenvolvendo. Outras, tentarão encontrar outros meios que complementem a retribuição das suas pensões. Em ambos os casos, a diferença entre estar no activo e na reforma poderá ser mais de natureza formal do que de conteúdo.
Porém, para uma faixa significativa de pessoas, a reforma marca uma mudança radical na vida. Para além do aspecto simbólico de representar o início da velhice, esta transição envolve inúmeras mudanças. Para que ela tenha sucesso, é necessário que as várias mudanças se traduzam num melhor bem-estar físico e psicológico.
Ora, esta nova fase da vida, com um novo ritmo e um novo tempo, poderá proporcionar um sentimento de libertação e, simultaneamente, ser uma oportunidade de trilhar novas vias. Através do estabelecimento de outras metas, envolvendo prioridades e actividades diferentes, elas são susceptíveis de traduzir um maior investimento quer pessoal, quer na família, quer na comunidade.
Mas a reforma também pode acarretar o inverso: constituir-se numa perda, seja de amigos, de prestígio, de capacidades, de utilidade, em suma, ser um tempo de sofrimento.
Há, pois, que dar significado à reforma. O trabalho voluntário junto de instituições de solidariedade social ou culturais é, talvez, aquele que proporciona maior satisfação interior. E ele não é incompatível com outras actividades sejam de lazer, de aprendizagem, de apoio familiar…
Enfim, não havendo factores limitantes, ser-se apenas reformado é muito pouco quando há um mundo à nossa volta que nos pode valorizar mas que, ele próprio, necessita da nossa contribuição para o tornarmos melhor.

                                             Mário Freire