sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

RANKING DAS ESCOLAS - OS MAUS RESULTADOS SÃO UM DETERMINISMO SOCIAL?




            As classificações das escolas com base nas notas dos exames nacionais do ensino básico e secundário evidenciam uma relação entre a interioridade, a insularidade, as condições socioeconómicas dos alunos e as habilitações dos pais.
Outra variável, igualmente, se destacou naqueles resultados, embora com menor impacto do que as anteriores: o número de professores do quadro e a sua antiguidade na escola.
Os resultados obtidos poderiam conduzir a perguntas do tipo: será que uma escola, situada numa zona do interior, seja do continente ou de uma das ilhas, com alunos predominantemente oriundos de meios desfavorecidos, está condenada aos maus resultados? Existe um determinismo que desencoraja e inibe a acção? Ou a escola encerra em si potencialidades, tendo em conta os seus recursos materiais mas, principalmente, as suas lideranças e os seus recursos humanos, que a poderiam fazer acreditar em resultados diferentes daqueles que, em princípio, seriam os expectáveis?
No semanário Expresso de 13 de Outubro refere-se uma escola – a Básica e Secundária de Padre António Andrade, em Oleiros, entre outras, que, situando-se na tal interioridade, com 66% de alunos carenciados, consegue dar a volta por cima das situações adversas e obtém o lugar 48º, entre mais de 600 escolas.
Igualmente, é referida, nos Açores, a Escola Básica e Secundária do Nordeste, onde a insularidade é manifesta, e se tem assistido a uma progressiva subida da sua posição no ranking nacional, de tal modo que este ano ocupou o digno 128º lugar.
Tendo em atenção as explicações que as direcções das escolas deram para justificar quer os bons resultados, quer as subidas significativas de posição, poderiam elencar-se alguns comportamentos favoráveis da escola:
- A proximidade com os pais. Se os pais não vão à escola, tenta-se que seja esta a procurá-los, diligenciando para que eles vejam na instituição alguém que pretende ajudar os filhos.

- Existência de regras dentro da escola que são para cumprir. 

- Participação dos jovens em projectos variados, dentro da escola (clubes de dança, de artes, de informática, de ciência…) e fora da escola (de voluntariado junto da comunidade, visitas de estudo devidamente estruturadas…).

- Trabalho em grupo, proporcionando ensino mais personalizado.

- Uma cultura de exigência nos horários, nos prazos, nos trabalhos efectuados, nas matérias a ensinar e a aprender.

Os maus resultados não são, necessariamente, um determinismo social. Com trabalho, sabedoria e perseverança talvez muitos dos obstáculos pudessem ser removidos e o sucesso dos alunos tivesse lugar.

                                                                                   Mário Freire