sábado, 13 de outubro de 2012

UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO TUTORIAL


             Foi referido no jornal Diário Insular, há meses, uma experiência sobre ensino tutorial em escolas da Terceira e de S. Miguel. Na notícia falava-se dos objectivos que se pretendiam atingir e dos resultados já alcançados.
Relativamente aos objectivos, enunciavam-se os de “promover o sucesso escolar e contribuir para a diminuição do absentismo de alunos do 2º e do 3º ciclos do ensino básico, com percursos educativos irregulares e marcados pelo insucesso”. 
Quanto aos resultados, dizia-se na notícia que os alunos abrangidos na experiência, em número de 277, revelaram “melhores resultados escolares e com menor número de faltas” do que aqueles que não tinham sido abrangidos. E, concretizando melhor, a metodologia utilizada (denominada de “tutal”) tinha proporcionado uma “forte diminuição” do número médio de faltas injustificadas, ao mesmo tempo que “registavam melhorias no que diz respeito ao seu bem-estar psicológico, integração na escola, sentido de competência na aprendizagem e esperança/otimismo, entre o início e o fim do programa”.
Afinal, em que consiste genericamente esta metodologia?
Ao contrário de outras metodologias tutoriais, frequentemente utilizadas no ensino superior, esta destina-se a faixas etárias mais baixas. Ela visa prevenir o abandono escolar, promover a comunicação entre a escola, a família e a comunidade. Pretende-se, ainda, que os professores da turma a que pertencem os alunos e as famílias possam dar contributos, tendo em vista os objectivos que são visados.
Esta metodologia reveste a forma tutorial porque existe uma relação preferencial de apoio e orientação entre um adulto – o professor – e o aluno. Nesta relação o tutor (o professor) faz o acompanhamento escolar do aluno, ao mesmo tempo que o ajuda a desenvolver-se cognitiva e afectivamente, numa intervenção de co-responsabilidade e de diálogo. A tutoria pode revestir a forma individual (tutor-aluno) ou grupal (tutor-grupo de alunos).
Numa altura em que o País parece ter excesso de professores, não poderia esta metodologia ser generalizada a todas as escolas e aproveitar muitos deles que foram lançados para o desemprego ou para horário zero? Com uma formação adequada neste domínio, esses professores não poderiam fazer render as suas capacidades e conhecimentos e, simultaneamente, prestar um serviço inestimável à comunidade? 

                                                                                        Mário Freire