sábado, 1 de setembro de 2012

SISTEMAS EDUCATIVOS E INSUCESSO ESCOLAR



Muitos sistemas educativos enfrentam desafios relacionados com a selecção dos estudantes e a sua colocação nas diversas escolas, tendo como base as suas características pessoais. Na realidade, a referida selecção académica influencia a aprendizagem: dela dependem os curricula, os professores e os recursos que lhe são afectos.
Nos sistemas educativos ditos polarizados, os estudantes provenientes de meios sociais diferentes são também colocados em escolas diferentes. Isso pode resultar não só da selecção inerente ao próprio sistema educativo, como também da distribuição espacial das populações com grupos sociais diferentes, habitando áreas distintas.
De referir que, por exemplo, nos países nórdicos as escolas têm, no que diz respeito à população escolar, uma estratificação social semelhante; o mesmo não se poderá dizer dos países do centro e do sul da Europa em que as diferenças entre escolas são significativas.
            É usual nos diferentes sistemas educativos, colocar os estudantes em diferentes níveis, em diferentes instituições e até em diferentes turmas de acordo com o seu desempenho. Estes procedimentos irão ter um impacto directo não só em termos de equidade, mas também em termos de sucesso escolar. Estas políticas variam de país para país, continuando a ser os países nórdicos aqueles em que elas são menos utilizadas.
Este agrupamento de estudantes de acordo com as suas capacidades é, com frequência, visto como dificultando a equidade educativa. De facto, tal política poderá afectar o sucesso educativo e prejudicar claramente as crianças com menos capacidades, a partir do momento em que elas deixam de ter oportunidade de contar com a proximidade dos mais capazes e de poder aproveitar o seu efeito estimulador.
Também o facto de serem apontados como menos capazes, pode fazer com que esses estudantes percam a motivação e o interesse pela escola, especialmente em níveis etários mais baixos, quando internalizam expectativas menos exigentes. Esses estudantes têm um aproveitamento cada vez menos satisfatório, podendo mesmo acabar por abandonar o sistema educativo.
Crianças provenientes de estratos sociais desfavorecidos são, por vezes, colocadas em turmas de tão baixas expectativas que, especialmente quando são muito jovens, os impossibilitam de atingir níveis sociais, culturais e linguísticos satisfatórios. No entanto, defensores dessas medidas argumentam que dessa forma as turmas são mais homogéneas, facilitando a tarefa dos professores.
Para assegurar que todos os estudantes têm acesso a escolas de qualidade permite-se, por vezes que sejam os pais a escolher a escola para os seus filhos, independentemente da área de residência. Os defensores desta medida argumentam que, desse modo, aumenta a competição entre escolas, levando-as a melhorar a qualidade de ensino, sem aumento de custos. Pelo contrário, há quem discorde, argumentando que desse modo aumentará o fosso entre as classes mais e menos desfavorecidas pois que estudantes com status social mais elevado, continuarão a promover as melhores escolas, muitas vezes privadas embora, em certos países financiadas com fundos públicos (caso de certos colégios em Portugal).
Concluindo, poder-se-á dizer que serão desejáveis políticas que reduzam a segregação socioeconómica não só entre alunos como também entre escolas sem que, desse modo, sejam reduzidas as expectativas em termos de sucesso educativo.

                                               FNeves