domingo, 29 de julho de 2012

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI-I


                                    Que aluno temos hoje?
Antes de se ensinar algo a alguém há que conhecer esse alguém. Ora, quem é que o professor tem hoje na sua frente?
Várias são as características que fazem do estudante de hoje, do ensino primário à universidade, alguém que foi criado segundo modelos que, comparados com os que vigoravam há 40 anos, se alteraram significativamente.
Assim, quantos destes alunos, rapazes ou raparigas, estiveram com um ninho na mão, olhando o intrincado daquela teia de fios ou se encantaram com o desvelo de uma ave a alimentar a sua cria? Quais destes alunos tiveram oportunidade de contemplar o céu, em noite de lua nova, e observar as miríades de estrelas que povoam o firmamento, se extasiaram perante aquela imensidade de pontos tremeluzentes e se interrogaram, ao verem a errância daquelas estrelas que sulcam os céus em várias direcções?
Hoje vive-se na cidade, mesmo quando se tem residência no campo. As crianças e os jovens de hoje lidam de maneira diferente com o mundo através de novos mediadores como sejam o telemóvel, o mp3, as vídeo consolas, o computador, sem falar da televisão. Dentro de casa, através das redes sociais, eles podem ligar-se quando quiserem, aos seus colegas, amigos e, por vezes, desconhecidos. Estando sós, nas suas casas, continuam as conversas que vinham trazendo da escola. 
Para além de um multiculturalismo, mais ou menos acentuado, mais de metade destas crianças e jovens provêm de pais divorciados, oriundos de famílias que já não são as tradicionais. Como é que a escola lida com estas novas realidades?
Eles, também, não assistiram aos grandes conflitos sangrentos do século passado; no entanto, estão sofrendo ou irão sofrer as dificuldades ou a efemeridade do emprego, a instabilidade das relações afectivas. Como encaram eles, perante estas situações, os conteúdos do ensino e as formas como eles lhes são ensinados?
Enfim, um rol apenas enunciado de circunstâncias, e em constante mutação, em relação às quais a escola não pode pôr-se de parte!

                                                Mário Freire