domingo, 20 de maio de 2012

TRABALHOS PARA CASA - 5


                  
                          Homogeneização ou diversificação?

            Viu-se, em crónicas anteriores sobre esta temática, que estes trabalhos podem constituir-se num factor de desenvolvimento escolar e pessoal do aluno. Eles, no entanto, também são susceptíveis de induzirem situações menos convenientes, com repercussão negativa na aprendizagem. Há, pois, que reflectir sobre eles e, se possível, tentar retirar-lhes os aspectos menos bons e potenciar os melhores.
            Uma turma comporta, em regra, uma multiplicidade de situações de natureza social e escolar. Por outro lado, parece haver um certo consenso sobre a utilidade deste tipo de trabalhos entre os principais intervenientes do processo educativo. Como conciliar, então, as reacções diversas que estes tipos de trabalhos podem suscitar entre os alunos, de modo que eles se constituam num meio que contribua para a melhoria da aprendizagem? 
            Nem todos os alunos terão em casa as condições adequadas para a realização do estudo. Além disso, se há alunos para quem determinados TPC são a repetição insípida daquilo que já sabem, para outros, esses mesmos TPC são dificuldades que mal conseguem transpor.
A homogeneização no ensino é sempre um factor gerador de desigualdades. Apresentar tarefas iguais a pessoas com características escolares e sociais diferentes não conduz à valorização do aluno. Há, pois, que propor vários tipos de trabalhos para casa, de acordo com as características dos públicos visados, de modo que nenhum deles se sinta frustrado pelo que está a fazer.
Os professores terão, pois, que saber lidar, cada vez mais, com as diferenças na sala de aula e procurar encontrar os meios de lhes fazer face. Para isso, há que trabalhar em rede em que cada profissional, socorrendo-se das capacidades, conhecimentos e experiências dos colegas, possa encontrar os meios adequados aos desafios que se lhe apresentam.
A autonomia das escolas, de que hoje tanto se fala, poderá ser um aspecto relevante nesta procura de soluções, perante as realidades sociológicas com que o professor tem que lidar.
Enfim, falar dos TPC é, afinal, abordar um aspecto pedagógico complexo em que a sociologia, a psicologia e, até, a economia e a política não ficam de fora.

                                                            Mário Freire