sexta-feira, 6 de abril de 2012

DA EDUCOLOGIA À INSTRUÇÃO - 3


                          Qualidades a cultivar (continuação)

Compaixão – Manifesta-se esta qualidade na capacidade do relacionamento em que há uma sintonia com os sentimentos de outrem, longe da indiferença e alheia a julgamentos. Diferente de comiseração piegas, “a verdadeira compaixão – explica Assagioli – não é uma simples emoção passageira, mas traduz sim um desejo, uma necessidade e um propósito de ajudar eficazmente.” Mediante a compaixão, longe de simples observação tem lugar a participação, Mais do que presença existe uma comunhão.
Compreensão – Mais do que entendimento, a compreensão é imbuída de amor. Assagioli escreve sobre esta virtude sob o título  “compreensão amorosa” em termos de “apreciação, encorajamento e são optimismo,” vendo nela “a chave mágica que abre os corações, o meio irresistível para dissipar malentendidos, antipatia, hostilidade, de forma a estabelecer relacionamentos humanos justos, nos domínios da vida associativa, desde a família até à humanidade no seu conjunto.”
Dedicação – Tolstoi entende que “é necessário escolher entre uma escola onde é fácil aos mestres ensinar, e uma outra escola onde para os estudantes é fácil aprender.” A dedicação coloca a educação em função do aluno, evitando a passividade, criando o incentivo e inculcando a participação.
Disponibilidade – É característico desta virtude o papel da vontade benevolente ao mesmo tempo acolhedora e prestável. Reflectindo sobre a disponibilidade, Assagioli, médico educólogo, se expressa nestes termos, ministrando uma das suas lições sobre a psicossíntese. “Eu diria que cada um de nós, mas sobretudo cada médico, cada educador, se pode considerar um ‘laboratório vivo’ no qual vive vinte e quatro horas por dia (incluindo os sonhos).” Em nota pessoal exara, sublinhando o seguinte propósito: “lembrar-me do dever estrito de responder e, o melhor possível, aos pedidos de ajuda espiritual que me são dirigidos.”
Empatia – Profusamente focada na obra de Carl Rogers, esta qualidade é concebida como a “fantasia do coração”. Esta constitui uma sintonia cordialmente vivida e compartilhada. Tal se expressa na capacidade de ao mesmo tempo ser capaz de se colocar no lugar de outro compreendendo as suas ideias e compartilhando os seus sentimentos e reacções. A empatia traduz o respeito, no sentido etimológico do termo res+pecto (prestar atenção), contemplando algo ou alguém. Há nela o afecto e a fusão equivalente ao que Assagioli denomina a “compreensão amorosa” entendida como “um dom entre os mais altos que podemos receber e dar.”
Generosidade – Há nesta qualidade a soma de uma partilha em que tudo o que se dá provém da abundância do ser. Kahlil Gibran a exprime em termos de um princípio: “ É quando vos dais a vós mesmos qu vós dais realmente.” Ela é prioritariamente um dom de si mesmo.
Gratidão – A qualificação desta virtude provém da consciência dos benefício recebidos aliada a um sentimento que enobrece simultaneamente quem oferece e quem recebe. Provém daí que, na etiqueta japonesa, quem dá pede desculpa, face ao perigo de poder humilhar quem recebe. Assagioli anota que “a gratidão é uma forma de memória espiritual.” Traduz esta um sentimento penhoradamente gravado no coração.

Nota bene – Qualidades : Este elenco terá seguimento


                                                           João d’Alcor