terça-feira, 13 de março de 2012

DA EDUCOLOGIA À INSTRUÇÃO - 1



                                                   Introdução

Precisando o alcance do processo educativo, Roberto Assagioli, o fundador da psicossíntese, esclarece: “A educação tem sido frequentemente considerada como sinónimo de ‘instrução’, ou seja a transmissão de conhecimentos e de informação. Mas a educação, no verdadeiro sentido da palavra, constitui algo diferente, inclusivo e, de certo modo, oposto. A instrução significa ‘introduzir’ alguma coisa que falta, colmatar um vazio. Em contraste, o significado etimológico do termo ‘educação’ é pôr fora, fazer sair o que está dentro; ou seja trazer à luz o que está escondido, tornar actual, desenvolver, o que é apenas potencial.” Propondo a “educação psicossintética” e referindo-se à “psicossíntese educativa”, entende que esta “deve ser feita primeiramente em família” e considera a necessidade de a “introduzir em todos os graus da escola, desde o nível elementar até à universidade.”
A psicossíntese, uma vez entendida como disciplina ou método de educação, engloba uma síntese que provém de uma abrangência interdisciplinar para a qual é adequado introduzir o termo ‘educologia’. Este neologismo é particularmente pertinente na abordagem psicossintética, traduzindo um modelo de educação alargado a uma constelação interdisciplinar conjugada em teor de complementaridade. Não basta integrar, entre outros, os conceitos já referidos de pedagogia, psicagogia, andragogia e o relacionamento da psicanálise com a psicossíntese. A interdisciplinaridade é fundamental em educologia, tendo em conta diversas disciplinas afins, designadamente a Antropologia, a Etnologia, a História, a Sociologia, a Literatura, as Belas-Artes, a Espiritualidade, a Medicina, a Ecologia, a Higiene, a Ética e o Civismo. O princípio a ter em conta é o seguinte: Quem apenas sabe apenas de uma disciplina, nem dessa mesma disciplina sabe. É indispensável, em psicossíntese, o contexto interdisciplinar alargado que caracteriza a educologia.
O educólogo procura viver e fomentar uma visão ao mesmo tempo global e sintética, confiante e optimista, consciente do potencial latente em si mesmo e em todos, individualmente cultivado, socialmente compartilhado e universalmente integrado. Para melhor precisar a especificidade e originalidade da psicossíntese educativa, segue o tríptico de um código de conduta constituído por qualidades a cultivar, obstáculos a transformar e princípios a honrar. Sob estes três tópicos será apresentada, resumidamente, uma série de dados característicos da educologia.

                                                          João d’Alcor