quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

DESENVOLVIMENTO E SOLIDARIEDADE - 1


                                            Os cristãos e a política

            Teve lugar em Fátima, em Setembro de 2011, o XXVII Encontro da Pastoral Social. As intervenções que nele tiveram lugar giraram em torno do lema Desenvolvimento Local, Caridade Global.
Os temas ali debatidos não poderiam ter maior oportunidade do que agora, altura em que se começa a sentir o avolumar de privações sobre muitos e em que as nuvens negras que se avistam indiciam piores dias ainda.
Ora, um dos temas ali debatidos foi o da participação política dos cristãos. É certo que a imagem que se tem dos políticos não lhes é muito favorável. Será que o exercício da política é incompatível com o ser honesto e, muito menos, com o ser cristão? As tentações que decorrem do exercício do poder são de tal modo poderosas que impelem um cidadão a abdicar dos valores da verdade e da probidade? E o cristão, chegado ao poder, logo esquece o valor evangélico do amor ao próximo?
Não existe uma política cristã. Mas se há políticos que se dizem cristãos, estes devem ser pessoas verdadeiramente empenhadas no Bem Comum, conscientes de que os actos públicos e privados que praticam terão que ser coerentes com os valores que proclamam. As respostas que encontram para os problemas que lhes são colocados, e que irão afectar muitas pessoas, deverão ter como referência os princípios que professam. Por isso, penso que uma das maneiras mais nobres de ser cristão seria a de ser político.
Um cristão que é político tem que tentar colocar a dignidade humana, de uma maneira empenhada, seja no acto legislativo ou executivo, no centro da sua acção. E a dignidade humana tem a ver com o trabalho para todos os que estão em idade activa, em condições devidas, com a igualdade de oportunidades, tentando desenvolver os talentos que cada um recebeu, pondo-os ao serviço da comunidade, com a diminuição das desigualdades sociais, com a protecção dos mais fracos…
A Doutrina Social da Igreja, nestes momentos de crise, poderia ser uma referência inspiradora para a humanidade em geral, e para os políticos em especial, de modo a tornar o mundo menos egoísta e mais disponível para a prática da fraternidade humana.
                                                                        
                                                                        Mário Freire