sábado, 22 de outubro de 2011

A FORMAÇÃO EMOCIONAL DOS ALUNOS


Numa das últimas crónicas tratei da formação emocional dos professores. Mas são os alunos os sujeitos fundamentais da escola e é para eles que os professores trabalham e fazem a sua formação profissional. E esta, como então foi referido, incluiria uma componente de formação emocional.
Que preparação deveria ter, então, o aluno para que pudesse enfrentar melhor as múltiplas frustrações que a vida lhe traz e conseguir ser elemento mais feliz e útil para a sociedade?
Um dos aspectos a ter em atenção deveria ser o da valorização das suas próprias experiências de emoções positivas. Valorizar o que proporciona a felicidade a alguém é, também, partilhar dessa mesma felicidade e isso implica um sentimento de solidariedade.
No Colégio de S. Francisco Xavier, em Ponta Delgada, foi levado a cabo um Projecto de educação emocional. Ele parece destinar-se, sobretudo, às crianças. No entanto, com as devidas adaptações, dele julgo poderem retirarem-se um conjunto de requisitos generalizáveis aos alunos do básico e secundário, em contexto de sala de aula. Assim, a alfabetização emocional passaria por:
- criar um clima afectuoso, onde o aluno se sinta aceite;
- não utilizar as emoções para ridicularizar ou humilhar;
- respeitar o facto de não se querer falar sobre o que se pensa e o que se sente;
- proteger o aluno da ridicularização por parte da turma quando ele está com algum problema e abordá-lo em privado;
- perceber que diferentes pessoas têm diferentes emoções e diferentes ritmos;
- eliminar a tendência de corrigir as emoções do aluno;
- perceber que a consciencialização, diferenciação, expressão e gestão emocionais não são um resultado mas sim um processo.
O professor tem, pois, um papel fundamental nas vivências do aluno. Ele pode incentivá-lo, quer a envolver-se nas actividades de forma a sentir emoções positivas, quer a ajudá-lo a lidar com as emoções negativas que determinadas experiências lhe provocaram. Neste último caso, há que ajudar o aluno a definir o que sente, sem tentar adivinhar ou dizer-lhe o que deveria sentir. Além disso, há que relativizar-lhe a situação, estabelecendo limites, definir objectivos e estratégias, em conjunto com o aluno e, eventualmente, com a família, para a resolução da situação.
As emoções são parte integrante da nossa personalidade. Já é altura da escola, a par da preocupação que tem com a inteligência e o conhecimento dos alunos, lhes reservar uma parte do seu tempo. Para bem do aluno e da sociedade!

                                                              Mário Freire