sexta-feira, 1 de julho de 2011

O ENSINO NA 1ª REPÚBLICA - 6

                             
                              (A propósito de uma exposição)

                Pedagogos da República – Leonardo de Coimbra

            O criacionismo começa por ser a sua base doutrinária. Este criacionismo não tem uma conotação biológica ou teológica mas, antes, constitui uma filosofia em que coloca o pensamento como gerador de uma actividade criadora impregnada de liberdade e libertada de determinismos naturais e sociais. Ora, na base dessa actividade estaria a ciência.
            Duas vertentes poderiam, então, ser consideradas na ciência.
Por um lado, a razão seria a autoridade que, não se movendo ao sabor das modas e das imposições do exterior, iria gerar uma comunidade livre e solidária. Por outro lado, a ciência, mais do que da observação e da experimentação, construir-se-ia a partir das representações mentais que formamos a respeito das coisas e dos fenómenos, num caminho para uma realidade acrescida de sentido. Significa isto que a realidade estruturar-se-ia a partir de um conjunto de noções elaboradas provindas da acção criadora e ilimitada do pensamento.
O conhecimento, segundo Leonardo de Coimbra, projectar-se-ia, então, mediante novas sínteses, de modo a fazer surgir a arte, a filosofia e a religião. Se o pensamento científico se isenta de imposições dogmáticas e contribui para a aproximação do homem ao mundo, dotando-o de uma maior dignidade, então esta dignidade humana exigiria, “para a sua vida essencial de acção moral, a arte, a filosofia e a religião”.
Leonardo Coimbra, para além de filósofo, professor e interventor na sociedade, foi Ministro de Instrução Pública (1919 e 1923). Nesta função criou as Universidades Populares, reformou a Biblioteca Nacional e fundou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Defendeu a liberdade de ensino e, em consequência, apesar de toda a polémica gerada, a possibilidade de ser administrado o ensino religioso nas escolas particulares fiscalizadas pelo Estado.
 Mas, acima de tudo, defendeu a liberdade pelo ensino, isto é, o desenvolvimento do aluno, nas suas várias facetas, a fim de que ele adquirisse as capacidades e o conhecimento que o tornassem mais autónomo e capaz, como sujeito de liberdade, de tomar as melhores decisões.
Nasceu em 1883 e faleceu em 1936.
                                                                     Mário Silva Freire